Os melhores amigos do Moon Bin, Sinb (VIVIZ) e Seungkwan (Seventeen), postaram fotos da lua hoje. No caso da Sinb, foi a primeira postagem dela desde que a notícia saiu, um story no Instagram sem contexto nenhum, apenas uma lua crescente no céu como se sorrisse para nós.

Por acaso, tive que sair hoje depois de ter escurecido e enquanto eu descia a rua de casa, olhei para o céu, vi a lua, e entendi porque as fotos foram tiradas e postadas. E resolvi escrever.

Sabe quando você não tem nem ideia do impacto que uma pessoa tem em sua vida? Senti algo próximo disso quando Robin Williams faleceu lá em 2014, mas foi só dessa vez, perdendo o Bin que o impacto realmente foi forte.

Eu demorei a gostar de ASTRO, achava as músicas okay até a era Blue Flame, que foi divisora de águas para mim no k-pop como tudo que saiu naquele novembro de 2019, mas a partir dali passei a consumir mais conteúdo dos meninos, o que queria dizer que eu estava consumindo conteúdo do Bin mesmo que ele não fosse meu bias.

Foi a partir do Bin que aprendi e me interessei por muita coisa no k-pop. Eu vi novelas de enredo duvidoso, tentei gostar de GFriend porque era o grupo da melhor amiga dele (Sinb, já mencionada), fiquei de olho no Billlie por ser o grupo da irmã dele.

Todas essas coisas não tinham a menor importância até chegar dia 19 de abril e eu ter que parar para pensar porque eu não conseguia parar de chorar. Como pode um garoto da Coreia do Sul que nada tinha a ver comigo diretamente desequilibrar meu emocional tão profundamente ao ponto de ainda ser difícil encarar as coisas que faziam parte dele?

Sério, estou perguntando de verdade, porque não sei a resposta.

Rápida e diretamente.

Para falar a verdade, eu vinha pensando sobre isso um tempo atrás.

Pensei: estatisticamente falando, nós vamos perder alguém nessa geração, nessa indústria.

Pensei: um acidente de carro, de avião, um fanático fora de controle… ou simplesmente uma doença terminal, um truque da mente.

Pensei: seria bom se isso nunca acontecesse, mas provavelmente vai acontecer.

E pensei: tomara que nunca aconteça.

Nas cartas de seus amigos deixadas na porta da Fantagio, havia palavras sobre estar doente e palavras sobre precisar de um apoio que não veio. Tudo isso é muito vago, mas como a família preferiu não divulgar causa da morte, estamos no escuro quanto ao que levou o Bin daqui.

Justo o Bin, com sua voz mansa e palavras de conforto. O Bin, que falou para sua irmã mais nova ser feliz em 2023. O Bin com agenda cheia, prestes a vir para o Brasil. O Bin, que a indústria inteira amava, conhecia e cuidava, relevante na música, nos dramas, nos programas de variedade, nos esportes.

Contra tudo que deveria ser correto, eu me pego perguntando que tipo de labirinto era esse pelo qual ele estava passando e boa parte de mim espera que tenha sido algo acidental, qualquer outra coisa.

Eu acho que nunca iremos saber a não ser que alguém da família resolva dizer. E isso parece não ser possível, pelo menos não por enquanto. Ainda está cedo para nós, imagina o quão cedo é para eles.

Na semana da morte do Bin, eu estava assistindo Work Later, Drink Now. Depois que foi anunciado que a Sua seria a mestre de funeral, cheguei ao episódio em que o pai da protagonista falecia e ela ficou de mestre do funeral e não conseguia parar de pensar que era aquilo que a Sua estava fazendo.

Me importo com tantas coisas e pessoas por causa do Bin. Foi doloroso para mim ver a Sinb e a Umji indo para o aeroporto trabalhar ao invés de estar no funeral. Cada postagem de amigos dele partia meu coração e ainda parte.

Pouco a pouco, a dor amacia e é substituída por um sentimento de conforto melancólico. Já faz um mês e ainda faz um mês. Ainda dói e ainda é confuso pensar que não teremos mais conteúdo do Bin, não podemos mais brincar sobre ele ser peituda metida no próximo comeback do ASTRO. Ele não estará nas fotos icônicas dos 98, embora com certeza estará em seus pensamentos e lembranças sempre que se encontrarem.

A foto da lua hoje é prova.

Em Quem é você, Alaska?, o mistério nunca é resolvido. Miles, Coronel e seus amigos nunca descobrem a verdade por trás da morte de sua amiga, da mesma forma que os vizinhos das Virgens Suicidas nunca descobrem o que as levou a tal fim.

É possível que nós também fiquemos nesse escuro, mas assim como esses personagens, nos resta seguir em frente.

As últimas palavras de Thomas Edison foram: “O outro lado é muito bonito.” Eu não sei onde fica o outro lado, mas acredito que seja algum lugar e espero que seja bonito. - Quem é você, Alaska?, de John Green

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